Tic Tac

by domingo, maio 29, 2011 0 comentários

Que horas são? – é uma pergunta corriqueira no nosso dia-a-dia e aquela pessoa com o relógio no pulso passando do outro lado da rua nos interessa, quando nós estamos sem nenhuma noção do tempo.
Exato! Um relógio preso ao pulso, pode ser essencial. Pra uns utilidade, para outros enfeite. Para mim, vamos dizer que durante muito tempo uma junção dos dois. Eu nunca gostei de comprar um relógio pela simples utilidade de ver as horas com facilidade, eu queria mais. Queria um relógio que fosse bonito, sofisticado, até mesmo híbrido (eu ficaria feliz em achar algo do tipo relógio-pulseira), e foi exatamente isso o que tornou o meu relógio difícil de se encontrado.
Depois de tanto procurar atributos para um relógio e pouco encontrar, eu já não queria algo que pudesse ser encontrado em qualquer esquina. Então, limitei-me a procurar aquele relógio especial para o meu pulso e o achei.

O preço estava alto, mas era o relógio que eu queria, com uma pulseira de argolinhas de metal, com o visor em formato de um coração bem delineado, com um mostrador que tinha duas lentes e pedrinhas que pareciam (só pareciam) diamantes a me mostrar as horas. Não foi um relógio que custou os “olhos da cara”, se é que você me entende, mas toda a procura, a ansiedade em encontrá-lo e depois o fato de ter me apaixonado tanto por aquele relógio agregaram a ele outros valores.

Cerca de uma semana depois, um amigo perguntou as horas a outro amigo meu e eu quis responder, olhei para o meu relógio e lá estava a prova do desgosto: ele estava parado. Mas como? Corri novamente a loja e deixei com tristeza o meu relógio para ser consertado. Duas semanas depois ele voltou ao meu braço, pra na semana seguinte, parar novamente. Resumindo, depois de muito desgaste o relógio não tinha conserto, nem garantia, nem assistência que pudesse torná-lo útil para mim novamente.

Decidi que mesmo sem funcionalidade eu não iria retirá-lo do meu pulso. Porque aprendi muito com meu relógio quebrado. Aprendi mais com meu relógio quebrado do que aprenderia se ele estivesse funcionando. Um familiar percebeu o meu despautério em andar por aí com um relógio que não funcionava e questionou o aparente absurdo. 


Meu relógio não funciona da maneira correta (tem dia que ele funciona, tem dia que não, tem hora que ele está a todo vapor e tem hora que não), mas serve pra medir como anda a minha vida espiritual. Toda vez que eu olho pra ele eu me pergunto se minha vida espiritual anda da mesma forma: pára hoje, funciona amanhã; leva o brilho de Cristo só nos domingos pela manhã ou às quarta-feiras a noite (quando tem culto), mas aos sábados não é bem assim; é um cristão genuíno só por algumas horas do dia e nas demais se espantam quando você diz que é crente.

Pois é, era exatamente isso que eu via no relógio, uma vida espiritual sem continuidade. Deixaria aquele relógio no meu braço e todas as vezes que eu olhasse para ele me preocuparia em acertar os ponteiros da minha vida espiritual.
Eu não posso negar que quando o relógio parou de trabalhar corretamente eu fiquei chateada, realmente irritada e devo ter dito umas coisas pouco cristãs ao vendedor, mas a utilidade que ele tomou depois, na minha vida, foi restauradora, apesar do prejuízo material. Isso só me lembra Provérbios 3 versículos 13 e 14 que dizem:
Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; Porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino.

Salomão escreveu inúmeros conselhos para nós, jovens, porque ele sabia como é difícil ser um jovem cristão e como é mais difícil ainda ser um jovem cristão sábio, sensato, equilibrado, que ama a palavra de Deus acima de tudo, que se preocupa em estar no centro da vontade dEle. Um jovem sábio que é amoroso, fiel, que confia no Senhor, que coloca Deus em primeiro lugar, que sabe discernir o que é certo e o que é errado, um jovem que OUVE E APRENDE.

O jovem que busca a sabedoria de Deus é assim, entende o agir dEle em sua vida; aceita as instruções  mesmo em dificuldade, aceita críticas com tranquilidade e as ouve. Um jovem que quer ser sábio espiritualmente e que quer ter uma vida espiritual pontual ouve o conselho, ama a disciplina, aprende com a repreensão, conduz outras pessoas a vida e RECEBE HONRA (provérbios 13:18). Basta lembrar de Daniel que decidiu permanecer fiel a DEUS em uma terra estranha, sofrendo perseguições, mas foi honrado: Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias. (Dn. 12:13)

Uma última lição que aprendi com meu relógio quebrado é que nos permitimos estar inúteis e infrutíferos na casa de Deus; permitimos que coisas inúteis e infrutíferas existam em nossas vidas; mas o nosso Deus sempre quer nos livrar das coisas que nos são lícitas, mas que atrasam o nosso relógio espiritual. Ele quer nos libertar das coisas inúteis que não nos permitem crescer, com um jardineiro que sabe como podar a planta para que ela exale o melhor aroma e seja a mais bela, sempre.

O simples ato de se desfazer de coisas inúteis e infrutíferas pode ser difícil. Ter que tirar o relógio do braço doeu, mas ele já me era inútil (e graças a Deus por eu ter percebido isso) e Deus estava me dizendo, que eu não precisaria mais daquilo pra manter a minha vida espiritual ativa.

Dói se desfazer de um relacionamento que não dá mais certo, de um sonho que não foi pra frente, ele sabe que dói quando repetimos mais um ano no cursinho pré-vestibular, quando as contas não se encaixam, quando tudo parece um infindo mar de desânimo, quando a fé parece não resistir ou quando você se sente (só pra variar) mais do que nunca perdido.

Ele sabe, porque é nosso Deus, porque é nosso dono, porque é nosso pai, nosso amigo. Ele sabe quais parafusos apertar, quais ponteiros ajeitar, ele sabe a hora certa, o momento exato da mudança. Portanto, vamos dar lugar a obra dEle em nossas vidas e aprender a lidar com os “sim” e “não” de Deus pra nós. O melhor dEle está vindo em nossa direção, é só esperar o tempo certo.

Nathalie

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