O grande Criador convocou as hostes celestiais, para na presença de todos os anjos conferir honra especial a Seu Filho. O Filho estava assentado no trono com o Pai, e a multidão celestial de santos anjos reunida ao redor dEles. O Pai então fez saber que por Sua própria decisão Cristo, Seu Filho, devia ser considerado igual a Ele, assim que em qualquer lugar que estivesse presente Seu Filho, isto valeria pela Sua própria presença. A palavra do Filho devia ser obedecida tão prontamente como a palavra do Pai. Seu Filho foi por Ele investido com autoridade para comandar as hostes celestiais. Especialmente devia Seu Filho trabalhar em união com Ele na projetada criação da Terra e de cada ser vivente que devia existir sobre ela. O Filho levaria a cabo Sua vontade do Pai seria realizada nEle.

Ele deixou a imediata presença do Pai, insatisfeito e cheio de inveja contra Jesus Cristo. Dissimulado seu real propósito, convocou as hostes angélicas. Introduziu seu assunto, que era ele mesmo. Como alguém agravado, relatou a preferência que Deus dera a Jesus em prejuízo dele. Contou que dali em diante toda a doce liberdade que os anjos tinham gozado estava no fim. Pois não havia sido posto sobre eles um governador, a quem deviam de agora em diante render honra servil? Declarou que os tinha reunido para assegurar-lhes que ele não mais se submeteria à invasão dos direitos seus e deles; que nunca mais ele se prostraria ante Cristo; que assumiria a honra que lhe devia ter sido conferida e que seria o comandante de todos aqueles que se submetessem a segui-lo e obedecer a sua voz.
Houve controvérsia entre os anjos. Lúcifer e seus simpatizantes porfiavam por retornar o governo de Deus. Estavam descontentes e infelizes porque não podiam perscrutar Sua insondável sabedoria e averiguar o Seu propósito em exaltar Seu Filho e dotá-Lo com tal ilimitado poder e comando. Rebelaram-se contra a autoridade do Filho.
Os anjos que eram leais e sinceros procuraram reconciliar este poderoso rebelde à vontade de seu Criador. Justificaram o ato de Deus em conferir honra a Seu Filho, e com fortes razões tentaram convencer Lúcifer que não lhe cabia menos honra agora, do que antes que o Pai proclamasse a honra que Ele tinha conferido a Seu Filho. Mostraram-lhe claramente que Cristo era o Filho de Deus, existindo com Ele antes que os anjos fossem criados, que sempre estivera à mão direita de Deus, e Sua suave, amorosa autoridade até o presente não tinha sido questionada; e que Ele não tinha dado ordens que não fossem uma alegria para a hoste celestial executar. Eles insistiam que o receber Cristo honra especial de Seu Pai, na presença dos anjos, não diminuía a honra que Lúcifer recebera até então. Os anjos choraram. Ansiosamente tentaram levá-lo a renunciar a seu mau desígnio e render submissão ao Criador; pois até então tudo fora paz e harmonia, e o que podia ocasionar esta voz discordante, rebelde?
Lúcifer recusou ouvi-los. Então voltou-se dos anjos leais e sinceros, denunciando-os como escravos. Estes anjos, leais a Deus, ficaram pasmados ao verem que Lúcifer era bem-sucedido em seu esforço para iniciar a rebelião. Prometia-lhes um novo e melhor governo do que então tinham, no qual todos seriam livres. Grande número expressou seu propósito de aceitá-lo como líder e principal comandante. Ao ver que seus primeiros passos foram coroados de sucesso, vangloriou-se de que ainda devia ter todos os anjos ao seu lado, e que seria igual ao próprio Deus e que sua voz autoritária seria ouvida no comando de toda a hoste celestial. De novo os anjos leais advertiram-no, alertando-o quanto às consequências se ele persistisse; que Aquele que pôde criar os anjos tinha poder para retirar-lhes toda a autoridade e de alguma assinalada maneira de punir-lhes a audácia e terrível rebelião. E pensar que um anjo pudesse resistir à Lei de Deus que era tão sagrada como Ele mesmo! Exortaram os rebeldes a cerrar os ouvidos às razões fraudulentas de Lúcifer, advertindo-o e a todos os que tinham sido afetados que fossem a Deus e confessassem seu engano, mesmo por admitirem um pensamento que punha em dúvida Sua autoridade.
Muito dos simpatizantes de Lúcifer estavam inclinados a ouvir o conselho dos anjos leais e se arrependeram de sua insatisfação, e de novo receberam a confiança do Pai e Seu amado Filho. O grande rebelde declarou então que estava familiarizado com a lei de Deus e se se submetesse a uma obediência servil seria despojado de sua honra. Nunca mais poderia ser incumbido de sua exaltada missão. Disse que ele mesmo e os que com ele se uniram tinham ido muito longe pra voltarem, que arrostaria as consequências, que nunca mais se prostraria para adotar servilmente o Filho de Deus; que Deus não perdoaria, e que agora eles precisavam garantir sua liberdade e conquistar pela força a posição e autoridade que não lhes fora concedida voluntariamente.*
Os anjos leais apressaram-se a relatar ao Filho de Deus o que acontecera entre os anjos. Acharam o Pai em conferência com Seu Filho amado, para determinar os meios pelos quais, para o bem-estar dos anjos leais, a autoridade assumida por Satanás podia ser para sempre retirada. O grande Deus podia de uma vez lançar do Céu esta arqui-enganador; mas este não era o Seu propósito. Queria dar aos rebeldes uma oportunidade igual para medirem sua força e poder com Seu próprio Filho e Seus anjos leais. Nesta batalha cada anjo escolheria seu próprio lado e seria manifesto a todos. Não teria sido seguro tolerar que qualquer que se havia unido a Satanás na rebelião, continuasse a ocupar o Céu. Tinham aprendido a lição de genuína rebelião contra a imutável Lei de Deus e isto era irremediável. Se Deus tivesse exercido Seu poder para punir este sumo rebelde, os anjos desafetos não se teriam revelado; portanto, Deus tomou outra direção, pois queria manifestar distintamente a toda hoste celestial Sua justiça e juízo.
*Assim foi, que Lúcifer, o "portador de luz", aquele que participava da glória de Deus que servia junto ao Seu trono, tornou-se pela transgressão Satanás, o "adversário". - Patriarcas e Profetas, pág. 40.
WHITE, Ellen G. História da Redenção. Pág. 13-17.
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